Escrito por:
Gabriel MonteiroPublicado em:
"Ilustração do exoplaneta KELT-11b, um gigante gasoso de baixa densidade orbitando próximo a uma estrela subgigante na constelação de Sextans. Sua atmosfera exótica e temperaturas extremas destacam suas características únicas."
KELT-11b foi identificado em 2016 através do Kilodegree Extremely Little Telescope (KELT). Este exoplaneta pertence à classe dos chamados "Júpiteres quentes" — planetas gasosos extremamente inflados que orbitam muito perto de suas estrelas. Sua estrela hospedeira, KELT-11, é uma subgigante amarela localizada na constelação de Sextans, a cerca de 320 anos-luz da Terra.
Apesar de seu tamanho colossal, KELT-11b apresenta uma densidade incrivelmente baixa, aproximadamente 0,093 g/cm³. Para contextualizar, essa densidade é comparável à de materiais como poliestireno. Isso o torna um dos planetas mais "inflados" já catalogados pela ciência.
Com um raio equivalente a 1,37 vezes o de Júpiter, mas com apenas 19% da massa do gigante gasoso do nosso Sistema Solar, KELT-11b desafia as expectativas. Ele completa uma órbita em torno de sua estrela em apenas 4,7 dias, a uma curta distância de 0,06229 unidades astronômicas (UA). Essa proximidade é responsável por temperaturas atmosféricas impressionantes, que alcançam cerca de 1.712 K (ou 1.439 °C).
Devido a essas temperaturas extremas, sua atmosfera se expande significativamente, contribuindo para sua baixa densidade. Medidas realizadas em 2022 pelo telescópio espacial CHEOPS, da ESA (Agência Espacial Europeia), confirmaram que o raio do planeta é de aproximadamente 181.600 km, com um erro máximo de apenas 4.300 km. Esses dados foram obtidos com uma precisão cinco vezes maior do que medições anteriores realizadas com telescópios terrestres.
A atmosfera de KELT-11b é um campo de estudo fascinante. Investigações espectroscópicas realizadas em 2023 identificaram uma composição complexa, incluindo vapor d'água em níveis subsolares e substâncias como cianeto de hidrogênio (HCN), óxidos de titânio e alumínio. Além disso, a presença de sódio foi detectada, indicando um cenário químico altamente diversificado.
Curiosamente, a atmosfera é predominantemente desprovida de nuvens, permitindo que o calor seja redistribuído de forma eficiente entre o lado diurno e noturno do planeta. Isso abre portas para estudos detalhados sobre a dinâmica térmica em atmosferas de exoplanetas.
Outro aspecto que chama atenção em KELT-11b é a inclinação de sua órbita em relação ao equador de sua estrela. Observações de 2022 estimaram um ângulo de projeção de -77,86 graus, indicando uma rota altamente inclinada. Esse fenômeno oferece pistas importantes sobre os processos gravitacionais que moldaram o sistema planetário e a evolução do exoplaneta.
KELT-11b representa um verdadeiro "laboratório natural" para a exploração de atmosferas planetárias. Sua proximidade de uma estrela brilhante e sua baixa densidade tornam-no um excelente alvo para estudos espectroscópicos detalhados. O telescópio James Webb (JWST) e outros equipamentos de próxima geração estão sendo preparados para aprofundar essas análises.
A combinação de temperaturas extremas, composição exótica e órbita desalinhada transforma KELT-11b em uma joia para pesquisas sobre formação de planetas gasosos e suas interações com estrelas hospedeiras. Esse exoplaneta continua a inspirar e desafiar o conhecimento humano sobre o cosmos, abrindo novas possibilidades para a astronomia moderna.